Como reconhecer sinais de disfunção sensorial em crianças?

Se és pai ou mãe, provavelmente já te questionaste sobre o porquê de o teu filho reagir de maneira tão diferente a certos sons, texturas ou situações. Por um lado, algumas crianças conseguem lidar bem com os estímulos do dia a dia. No entanto, por outro lado, há crianças que podem sentir-se sobrecarregadas ou, ao contrário, procurar constantemente estímulos fortes. Assim, estas reações podem ser indicativas de uma disfunção sensorial. Queres saber o que é a integração sensorial, consulta: https://alcancar.pt/o-que-e-integracao-sensorial-e-como-pode-ajudar-o-teu-filho/

O que é uma disfunção sensorial?

De modo geral, uma disfunção sensorial ocorre quando o cérebro tem dificuldade em organizar e interpretar as informações recebidas dos sentidos. Para a maioria das crianças, este processo é natural e ocorre sem grandes complicações. No entanto, para aquelas que apresentam uma disfunção sensorial, as informações sensoriais podem ser percecionadas de forma caótica, confusa ou, em alguns casos, até assustadora.

Por isso, as crianças com disfunção sensorial tendem a reagir de forma exagerada ou insuficiente aos estímulos. Consequentemente, essas reações podem influenciar o seu comportamento, as suas emoções e até a sua capacidade de aprender e interagir com os outros.

Sinais comuns de disfunção sensorial

Reconhecer os sinais de uma disfunção sensorial é crucial para que os pais possam procurar a ajuda adequada para o seu filho. A seguir, estão alguns sinais comuns que podem indicar a presença dessa condição.

Hipersensibilidade (sensibilidade excessiva)

Para começar, uma criança pode demonstrar hipersensibilidade a certos estímulos:

• Som: A criança pode cobrir os ouvidos diante de ruídos fortes ou, por vezes, evitar ambientes barulhentos.
• Tacto: Pode não gostar de ser tocada, reagir negativamente a determinados tipos de roupa ou sentir-se incomodada por etiquetas e costuras.
• Luz: A criança pode ser sensível à luz, preferindo ambientes mais escuros ou evitando a exposição ao sol.
• Paladar e olfato: Pode ser extremamente seletiva na alimentação, evitando certos alimentos devido ao sabor ou cheiro intensos.

Hipossensibilidade (procura constante de estímulos)

Por outro lado, algumas crianças podem exibir sinais de hipossensibilidade, o que se traduz numa procura constante de estímulos. Aqui estão alguns exemplos:

• Movimento: A criança pode estar constantemente em movimento, procurando atividades como saltar, girar ou correr.
• Tacto: Pode demonstrar interesse em tocar em tudo, procurar texturas diferentes ou até morder objetos (ou até a si própria).
• Som: Pode gostar de sons altos e, muitas vezes, fazer barulhos repetitivos.

Dificuldades de coordenação motora

Além disso, a disfunção sensorial pode afetar a coordenação motora, manifestando-se em:

• Motricidade grossa: A criança pode ter dificuldades em correr, saltar ou manter o equilíbrio, parecendo mais desajeitada em comparação com outras crianças da mesma idade.
• Motricidade fina: Pode encontrar dificuldades ao segurar um lápis, cortar com tesoura ou manipular objetos pequenos.

Comportamentos de auto-regulação

Outro aspeto importante a considerar são os comportamentos de auto-regulação, que podem incluir:

• Evitar atividades: A criança pode evitar determinadas atividades ou situações devido ao desconforto sensorial, como recusar-se a participar em jogos com outras crianças ou evitar certas brincadeiras.
• Comportamentos repetitivos: Pode repetir certos movimentos ou sons como uma forma de se auto-regular, procurando acalmar-se.

Dificuldades sociais e emocionais

Por fim, a disfunção sensorial pode ter um impacto significativo nas áreas sociais e emocionais da criança, sendo comum observar:

• Ansiedade e stress: A criança pode apresentar sinais de ansiedade em situações sociais ou em ambientes com muitos estímulos.
• Isolamento: Pode preferir brincar sozinha, evitando a interação com outras crianças ou adultos.

O que fazer se identificar estes sinais?

Se, ao ler estas descrições, identificares alguns desses sinais no teu filho, o passo seguinte deve ser procurar a ajuda de um profissional. Um terapeuta ocupacional especializado em integração sensorial poderá avaliar as necessidades sensoriais da criança e, em seguida, criar um plano de intervenção adequado para ajudá-la a lidar melhor com os estímulos do dia a dia.

Por fim, lembra-te de que cada criança é única, e o que pode parecer um comportamento estranho ou desafiador pode ser, na realidade, a forma como ela está a tentar gerir e compreender o mundo que a rodeia.