Manter a harmonia em casa nem sempre é uma tarefa simples, principalmente quando se tem crianças pequenas. Nesta fase da vida, em que estão a descobrir o mundo à sua volta, testar limites é um comportamento natural e esperado. Por isso, estabelecer regras claras e saber lidar com as crises de raiva torna-se fundamental para garantir o bem-estar emocional de toda a família e apoiar o desenvolvimento das crianças.
Neste artigo, vamos explicar como criar regras familiares eficazes e mostrar estratégias práticas para lidar com birras e momentos de frustração — tudo de forma acolhedora e realista.
As regras familiares não são apenas limitações ou proibições. Na verdade, elas funcionam como verdadeiras ferramentas educativas que ajudam as crianças a sentirem-se seguras, orientadas e respeitadas. Quando os adultos são coerentes, previsíveis e claros, os filhos conseguem aprender mais facilmente a autorregular-se.
Além disso, regras bem definidas:
Criam rotinas estáveis, que são fundamentais para o desenvolvimento da linguagem e da autonomia;
Reduzem a ansiedade infantil, uma vez que promovem previsibilidade;
Melhoram a comunicação entre pais e filhos, favorecendo o entendimento mútuo;
Ensinam responsabilidade, respeito pelos outros e espírito de cooperação.
Portanto, ter regras em casa é mais do que estabelecer limites: é construir uma base segura para o crescimento saudável da criança.
Antes de mais, é importante concentrar-se naquilo que é mesmo essencial. Um número exagerado de regras pode confundir e cansar as crianças. Assim, sugerimos começar com apenas três ou quatro, tais como:
Guardar os brinquedos depois de brincar;
Falar com calma;
Esperar a vez para falar.
Desta forma, as crianças conseguem memorizar e respeitar melhor o que é pedido.
Sempre que possível, prefira frases afirmativas a negativas. Por exemplo, em vez de dizer “não grites!”, diga “fala com voz calma”. Frases positivas são mais fáceis de compreender, especialmente para crianças que ainda estão a desenvolver a fala.
É fundamental que as crianças entendam a razão de cada regra. Dizer “Guardamos os brinquedos para que ninguém tropece” ou “Esperamos a nossa vez para que todos sejam ouvidos” dá sentido às regras e reforça a empatia.
Por outro lado, de nada adianta criar regras se não forem cumpridas diariamente. As regras devem aplicar-se todos os dias, em todas as situações. E, muito importante, todos os adultos da casa devem agir de forma coerente.
No entanto, lembre-se de que uma criança pequena ou com dificuldades na fala pode precisar de apoios visuais, gestos ou exemplos práticos. Adaptar a comunicação às necessidades da criança é essencial para o sucesso.
Além de corrigir o que corre mal, é crucial valorizar o que é feito corretamente. Um simples “Gostei de ver como esperaste a tua vez!” tem um impacto enorme no comportamento e na autoestima da criança.
As birras, os gritos ou atitudes agressivas não são apenas demonstrações de mau comportamento, nem crises de raiva. Na verdade, muitas vezes são formas de comunicação, sobretudo quando a linguagem verbal ainda está em desenvolvimento.
Perceber o que está na origem dessas crises é o primeiro passo para responder de forma empática e eficaz.
As birras podem acontecer devido a vários fatores, nomeadamente:
A criança está cansada, com fome ou frustrada;
Não sabe como pedir o que precisa;
Quer fazer algo sozinha, mas ainda não consegue;
Não compreende ou aceita um “não”.
Por isso, é fundamental compreender que a birra é uma reação e não um ataque pessoal aos pais.
Antes de mais, a sua tranquilidade é o que a criança mais precisa nestes momentos. Quando o adulto mantém a serenidade, transmite segurança e ajuda a criança a regular-se.
Em vez de repreender imediatamente, procure validar o que a criança sente. Frases como “Estás chateado porque querias brincar mais tempo?” ajudam a criança a reconhecer as próprias emoções, o que é fundamental para o desenvolvimento emocional e da linguagem.
Se possível, dê opções. Por exemplo: “Percebo que querias outro iogurte, mas já comeste um. Podemos escolher uma fruta.” Assim, a criança sente que tem algum controlo sobre a situação.
Para crianças com dificuldades na comunicação verbal, imagens de expressões faciais ou livros sobre emoções podem ser excelentes ferramentas. Além disso, facilitam a identificação dos sentimentos.
Não basta permitir que a criança expresse o que sente. É igualmente necessário ensinar que certos comportamentos (como bater ou gritar) não são aceitáveis. Diga, por exemplo: “Sei que estás zangado, mas não podemos bater. Vamos respirar juntos.”
Finalmente, aproveite o momento depois da crise para refletir, sempre de forma breve e sem críticas. “Da próxima vez, o que podemos fazer de diferente?” Este tipo de abordagem promove o crescimento emocional e o autocontrolo.
Como podemos ver, crianças que ainda estão a aprender a falar ou a compreender as suas emoções precisam de rotinas claras, regras simples e apoio consistente.
Criar e implementar regras familiares e trabalhar as emoções no dia a dia são ações que se complementam. Juntas, constroem um ambiente seguro onde a criança aprende a falar, sentir e crescer com confiança.
Se perceber que o seu filho tem grandes dificuldades em aceitar regras ou em lidar com as emoções — ou ainda se demonstra muitas dificuldades de comunicação — pode ser o momento de procurar apoio especializado.
Consultas de psicologia infantil ou de terapia da fala podem ajudar a desenvolver estratégias personalizadas e adequadas às necessidades da criança e da família.
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