O desenvolvimento natural da mastigação é um marco essencial no crescimento da criança. Para além de garantir uma alimentação variada e segura, este processo fortalece os músculos orais e prepara o caminho para o desenvolvimento da fala. No entanto, a mastigação nem sempre surge de forma espontânea e, por isso, conhecer cada etapa é fundamental para que os pais consigam identificar sinais de alerta e procurar ajuda atempadamente.
Com a introdução dos primeiros sólidos, o bebé começa por esmagar a comida com as gengivas, realizando movimentos verticais simples (abre e fecha). Os alimentos devem ser macios e em pedaços pequenos.
A criança inicia movimentos de língua ligeiros, transportando o alimento de um lado para o outro. Ainda prefere alimentos moles, mas já explora pequenas variações de textura.
Os movimentos tornam-se mais coordenados e surge a mastigação rotatória, em que mandíbula e língua trabalham em conjunto. Nesta fase, a criança começa a lidar com alimentos de consistência intermédia, como fruta madura ou legumes cozidos.
A criança consegue mastigar uma maior variedade de alimentos, embora ainda precise de supervisão para consistências mais duras.
Embora o ritmo varie de criança para criança, alguns sinais indicam a necessidade de atenção:
Engasgos frequentes.
Dificuldade em triturar pedaços.
Recusa persistente de alimentos sólidos.
Guardar comida na boca sem engolir (pouching).
Preferência exclusiva por purés após os 2 anos.
Mastigar não é apenas uma questão de nutrição. O movimento da língua, da mandíbula e dos lábios é muito semelhante ao usado na produção da fala. Assim, dificuldades de mastigação podem estar associadas a atrasos no desenvolvimento da linguagem.
A Terapia da Fala é essencial quando a mastigação apresenta dificuldades, porque atua diretamente sobre a motricidade orofacial. Entre as estratégias mais comuns estão:
Avaliar a força e coordenação da língua, lábios e mandíbula.
Propor exercícios específicos para melhorar a mobilidade e a força muscular.
Acompanhar a transição de purés para alimentos mais sólidos de forma segura.
Orientar os pais sobre consistências adequadas e estratégias para incentivar a mastigação.
A Terapia Ocupacional desempenha um papel fundamental quando as dificuldades têm uma base sensorial ou motora global. Neste contexto, pode intervir através de:
Estimulação sensorial oral: ajudar a criança a aceitar diferentes texturas, temperaturas e consistências.
Exercícios motores: fortalecer músculos da face e da boca através de jogos funcionais.
Integração sensorial: trabalhar tolerância a estímulos que podem gerar aversão (cheiros, texturas pegajosas, crocantes, etc.).
Treino de autonomia: apoiar a criança na rotina alimentar e reforçar a confiança dos pais.
O desenvolvimento natural da mastigação é um processo gradual, mas essencial para a autonomia, a nutrição e o desenvolvimento da linguagem. Conhecer as etapas típicas e os sinais de alerta permite aos pais agir atempadamente. Quando existem dificuldades, a intervenção da Terapia da Fala é crucial para trabalhar a motricidade orofacial, enquanto a Terapia Ocupacional complementa com estímulos sensoriais e motores que tornam a alimentação mais segura e prazerosa. Assim, o acompanhamento precoce pode transformar as refeições em momentos de evolução e bem-estar.
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